Parque Estadual Cunhambebe
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Parque Estadual Cunhambebe

23.02.2022- por itpa

Parque Estadual Cunhambebe

A criação do Parque Estadual Cunhambebe (PEC), em junho de 2008, se baseou nos estudos realizados pelo ITPA, que também se encarregou da mobilização para todas as consultas públicas realizadas. Em 2011, o instituto voltou novamente seus olhos para a área, dessa vez com o objetivo de formular seu plano de manejo, o cadastro fundiário, sinalização, projetos de comunicação e demarcação, além do desenvolvimento de um ecoturismo de base comunitária.

Uma equipe de consultores em diversas áreas (geografia, biologia, sociologia, etc) entrou em campo para compor estudos do plano de manejo ou preparar as outras ações. O projeto começou em setembro/11, e se estendeu até o fim de 2012.

Com 38.053 hectares, o PEC é o segundo maior parque administrado pelo estado do Rio de Janeiro, atrás apenas do Parque Estadual dos Três Picos. A área abarca porções dos municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis, Rio Claro e Itaguaí. Além da implantação do PEC o projeto do ITPA inclui a estruturação também da Área de Proteção Ambiental de Mangaratiba, contígua ao parque, com 23 mil hectares, que terá gestão compartilhada com o PEC.

O PEC possui 99% de cobertura florestal em bom estado de conservação, abrigando um trecho de Mata Atlântica ainda pouco estudado, porém, com usos conflitantes históricos tais como a extração de palmito, a caça e a captação de água sem respectiva outorga, entre outros. A expectativa, contudo, é que a área guarde importantes espécimes da flora e da fauna ameaçadas de extinção e endêmicos: como macaco muriqui e diversas espécies de orquídeas e bromélias, por exemplo.

Sua floresta bem conservada representa uma importante peça do imenso mosaico de unidades de conservação que protegem a maior extensão contínua de Mata Atlântica no Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar. Ao mesmo tempo, sua proteção contribui para reconectar a área de mata fragmentada que compõe o Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaina.

Origem do nome

No início da colonização brasileira, os portugueses entraram no litoral sul fluminense e norte de São Paulo através de uma aliança com o cacique Tibiriçá, líder dos Guainazes (então baseados em São Paulo) para a catequese e escravização dos índios. Chefes de seis aldeias diferentes (divididas em quatro tribos) se juntaram e formaram a Confederação dos Tamoios para a defesa. O principal nome, escolhido por todos, era o de Cunhambebe, cacique Tupinambá da aldeia situada onde hoje está localizado o município de Angra dos Reis.

Ele ajudou a fortalecer a Confederação e sempre obteve sucesso na luta contra os portugueses. Hoje, o nome do maior distrito da cidade de Angra dos Reis é Cunhambebe, cuja abrangência é parte da área em que foi implantado o Parque Estadual. Seu nome é uma homenagem a este importante líder indígena da região.

Identificação da área

O estudo de áreas com potencial ecológico para serem incorporadas ao PEC, realizado pelo ITPA na época de sua criação, seguiu algumas diretrizes fundamentais, como características das tipologias vegetais mapeadas, relevo, ocupação e uso do solo, legislação ambiental e hidrografia.

A partir destas análises, foi elaborado o Mapa de Áreas com Potencial para Incorporação ao Parque Estadual do Cunhambebe. Fez-se necessário, também, visitas de campo para ajustar as diferenças entre os mapas e a realidade, como a plantação de bananas e pequenas ocupações situadas dentro da mata, ocultadas pela escala das bases cartográficas disponíveis.

Características

Suas montanhas e cachoeiras são alguns dos principais atrativos do Parque Estadual do Cunhambebe, e seus destinos são muito procurados para esportes como caminhadas,  travessias e escaladas. A relevância desta unidade para a conservação da natureza é explícita no volume de florestas bem conservadas por sua área total: 95%. Ela forma um contínuo florestal, juntamente com Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Terra Indígena do Bracuhy. Também são encontradas em seus limites diversas áreas de interesse histórico cultural tais como inúmeras ruínas de fazendas, cidades e estradas da época áurea da produção de café no vale do Paraíba.

Principais atrativos turísticos e históricos

Implementação do Parque

O ITPA entregou ao Inea um projeto de demarcação física que previa a instalação de 15km de cercas em áreas consideradas críticas, 57 placas com informações sobre conduta consciente no interior do PEC e informações sobre unidades de conservação, além de a instalação de 60 marcos geodésicos para facilitar o mapeamento das propriedades bem como definir seus limites.

Abaixo, um resumo das principais realizações em cada um das metas do projeto:

Plano de Manejo

A elaboração do diagnóstico foi concluída e cerca de 150 planos de informação (geologia, solos, geomorfologia, declividades, etc) foram gerados. Todas essas informações foram organizadas em um banco de dados espacial  georreferenciado. Para a validação destas informações mais de 1.000 horas de trabalho de campo foram realizadas além do mapeamento de mais de 50 mil hectares com uso de imagens de satélite de alta resolução. Com base destas informações um mapa de fragilidades foi gerado para auxiliar no zoneamento do PEC.

A fase após foi de planejamento e elaboração dos projetos específicos e planos setoriais. Os custos do Cunhambebe foram consolidados com base na metodologia do IMC (Projeção de Investimentos Mínimos para Conservação), que leva em consideração as despesas correntes de infra-estrutura e manutenção, permite a projeção para cenários futuros considerando a  inflação, a desvalorização da moeda, etc.

A inserção do PEC no contexto de economia verde também foi elaborada, uma vez que esta UC  é responsável pela proteção das florestas e serviços ambientais associados tais como a contenção das encostas de Angra dos Reis e Mangaratiba, “produção” de água para abastecimento dos municípios circundantes e para geração de energia elétrica no sistema Ribeirão das Lages, este responsável pelo fornecimento de 1/3 da energia consumida na região metropolitana do RJ. Também foi modelado um fundo de sustentabilidade para a unidade de conservação e stakeholders com base na legislação vigente.

Esta temática é nova e pela primeira vez é apresentada em um plano de manejo de Unidade de Conservação.

Regularização Fundiária

Talvez este seja o assunto mais complexo quando se trata de qualquer unidade de conservação de proteção integral. No PEC não é diferente, seu limite extremamente recortado evidencia este conflito fundiário e dificulta muito sua gestão. Com o objetivo de minimizar estes conflitos foi realizado um levantamento cartorial e de campo de aproximadamente 60% da área total do parque, com mais de 400 pontos inferidos em campo, sendo 170 dentro dos limites do PEC. Complementando estas informações foram aplicados questionários, conhecidos como  fichas de informação  funidária (FIF), com moradores e proprietários.

Ecoturismo de Base Comunitária

Em parceria com a ONG Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (IA-RBMA), foram realizadas mais de 200 horas de aula de capacitação para 42 moradores no entorno do PEC, além de um intercâmbio com monitores do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira).

Sinalização

Foram instaladas 35 placas com indicação dos limites do PEC e APAMAN.

Comunicação

Elaborado projeto de comunicação e já entregue ao Inea, além da instalação das 35 placas acima citadas nos mais de 400 quilômetros de perímetro do parque. Criação de folder de apresentação do projeto e do parque, com impressão de 1000 exemplares, além de cadernos temáticos e vídeo institucional do parque.

Plano de Sustentabilidade Financeira

O Plano de Sustentabilidade Financeira foi modelado e os steakholders mapeados em parceria com a Nexucs.

Fortalecimento do Conselho Consultivo

Foram realizadas nove reuniões ordinárias, montadas duas câmaras temáticas (1 de turismo e 1 de acompanhamento dos planos de manejo), elaborado regimento interno, 140 horas de diagnóstico e planejamento participativo (parceria com Nexucs e ONG Valor Ambiental), além de mais de duas oficinas para elaboração de projetos específicos. Também foram definidos missão, visão de futuro e mapa estratégico.

Missão: “Proteger os ecossistemas, conservando a biodiversidade e os recursos naturais, deste fragmento significativo de Mata Atlântica, fundamentado na gestão participativa e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região e para a consolidação do Corredor de Tinguá-Bocaina”

Visão de Futuro: “Ser reconhecida pela população do entorno como uma área protegida que oferece possibilidades de geração de renda por meio de alternativas econômicas sustentáveis”.

Uso público e Turismo nas Unidades de Conservação

Realizado em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente – INEA o ITPA executa o projeto Consolidação da Gestão do Uso Público nas Unidades de Conservação Estaduais do Estado do Rio de Janeiro. O Parque Estadual Cunhambebe não fica de fora das atividades realizadas nesse projeto.

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